O sumiço do médico: mistério na própria cama


Cristina acordou naquela manhã como qualquer outra. Ela notou que o sol já havia nascido, iluminando timidamente o quarto. Ao se levantar da cama, deparou-se com uma cena estranha e desconcertante: seu marido, o médico endocrinologista Ronivaldo Müller, não estava mais ao seu lado. A rotina do casal, sem filhos, não era bem assim. Mas sua preocupação aumentou ao ligarem do hospital perguntando por que ele faltou ao plantão e também não atendia o celular. O aparelho inclusive estava desligado e posto sobre a mesa de cabeceira. Confusa e preocupada, Cristina começou a procurá-lo pela casa. 

Caminhando pelos cômodos, percebeu que tudo parecia estar no lugar certo. Não havia sinais de arrombamento em nenhuma das portas ou janelas, que permaneciam firmemente fechadas. As chaves de casa estavam penduradas em seu lugar, exatamente onde deveriam estar. Enquanto vasculhava todos os cantos da casa, Cristina estranhava o silêncio anormal que pairava no ar. 

Os cachorros do casal, sempre alertas e barulhentos, não haviam emitido sequer um latido durante a noite. Ela chamou repetidamente por Ronivaldo, mas nenhum sinal dele surgiu. Desesperada, Cristina começou a questionar a própria sanidade. Será que ela estava sonhando? Será que tudo isso não passava de uma ilusão? Nada fazia sentido.

Quando foi à delegacia,de polícia, um dia depois, registrar o desaparecimento, as especulações foram friamente lhe jogas ao rosto lívido e atordoado.

O delegado lhe encarava complacente.

- Tem  sido especulado que o Dr. Ronivaldo possa ter simulado o seu desaparecimento, talvez para fugir de problemas financeiros ou pessoais. A senhora possui algum conhecimento sobre possíveis dívidas ou conflitos que ele pudesse estar enfrentando? 

-  Não, isso é completamente infundado. Ronivaldo não tinha problemas financeiros significativos, e nosso relacionamento era estável. Não havia motivo para ele querer desaparecer dessa forma. 


Ela lembrou ao delegado que o marido tinha três empregos, inclusive dava plantão em hospital até nos fins de semana é gerado. Ele se sentia exausto, mas gostava do que fazia e o dinheiro sempre chegava.

- Ele tinha problemas com drogas? Cocaína? Anfetaminas?

- Não. Meu marido vivia em função do trabalho e da nossa casa. Sempre foi um aluno exemplar. Passou na Federal com méritos.

Seu marido era viciado sim em cocaina. Para aguentar o trabalho árduo e a pressão da sociedade por desempenho material mergulhou o nariz no pó. Ela sabia disso, mas não conseguia falar.

- Entendo, Sra. Cristina. Precisamos explorar todas as possibilidades para encontrar o Dr. Ronivaldo. Por último, a senhora tem alguma informação adicional que possa nos ajudar na investigação? Qualquer detalhe, por menor que seja, pode ser importante. 

- Sinto muito, mas não tenho mais informações a fornecer. Acordar e não encontrar meu marido ao meu lado foi um choque para mim. Só quero que encontrem o Ronivaldo o mais rápido possível. 


Os dias que se seguiram foram marcados por uma intensa repercussão sobre o desaparecimento de Ronivaldo. A teoria de que ele havia sido abduzido por seres extraterrestres rapidamente ganhou espaço nos noticiários e programas de televisão. Especialistas foram chamados para debater sobre a possibilidade de vida alienígena e os efeitos que a abdução poderia ter causado ao médico.

Enquanto alguns questionavam a veracidade das histórias de abdução, outros se permitiam imaginar um cenário onde os mistérios do universo se revelavam através do sumiço de uma pessoa comum. A mídia alimentava a curiosidade do público, trazendo depoimentos de supostas testemunhas de avistamentos de OVNIs e histórias similares de abdução. Paralelamente, surgiram teorias menos fantasiosas sobre o desaparecimento de Ronivaldo. Rumores se espalharam de que ele teria simulado o sumiço perfeito para fugir de problemas financeiros, de relacionamento ou até mesmo de cobradores. 

A ideia de que o próprio Ronivaldo teria montado um plano meticuloso para desaparecer lentamente ganhou relevância, especialmente entre aqueles que o conheciam de perto. Essas teorias levaram Cristina a um estado de profunda angústia. A incerteza sobre o destino de seu marido abalava suas emoções, deixando-a dividida entre a esperança de reencontrá-lo e a desilusão de acreditar que tudo aquilo não passava de uma farsa planejada por Ronivaldo. Investigações foram realizadas pela polícia, mas não trouxeram resultados concretos. 

Não havia evidências suficientes para apoiar nenhuma das teorias, seja a da abdução alienígena ou a da fuga proposital. Cristina sentia-se impotente diante do mistério que envolvia o desaparecimento de seu marido. Com o passar do tempo, a comoção midiática diminuiu, mas o mistério persistia. Cristina passou a viver em meio a um turbilhão de emoções, constantemente questionando a verdade sobre o paradeiro de Ronivaldo. Enquanto isso, Ronivaldo permanecia desaparecido, alheio a todas as especulações que surgiam em torno de sua ausência. Seu paradeiro era um completo enigma, e ele próprio havia perdido a memória do que aconteceu desde aquela última noite ao lado de sua esposa. 

 Mesmo com o tempo passando, as teorias e os rumores continuavam a assombrar Cristina. Ela se via em um constante conflito interno, sem saber se deveria aceitar a possibilidade de que Ronivaldo havia planejado sua fuga ou se deveria permanecer firme em sua esperança de que algo além da compreensão. Ela aprendeu a conviver com a incerteza, carregando consigo a pergunta que constantemente ressoava em sua mente: "Onde está você, Ronivaldo?"

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